Dia 04/03/2011 assistindo ao programa Sala de Notícias, Canal Futura, deparei-me com uma entrevista de Lala Deheinzelin. Tudo bem que o sobrenome é complicado, e parece de artista estrangeira, mas essa economista brasileira de conversa amigável mostrou ao longo da entrevista pontos que podem ser mudados no nosso país quando o assunto é desenvolvimento sustentável e economia criativa, termo novo para mim até este momento.
Lala, que é do Movimento Crie Futuros, falou de forma simples sobre conhecimento e criatividade. Segundo a economista, no século passado nós tínhamos a economia da escassez, com ouro e riquezas e agora, no século XXI, descobrimos que a indústria criativa, e consequentemente a economia criativa está em primeiro lugar.
A economia criativa caracteriza-se pelo capital social. No nosso país ainda temos falta de capital social, há muitas pessoas fazendo muitas coisas separadas, falta a capacidade de agir de maneira integrada, pensando no coletivo. Essa seria a chave do nosso desenvolvimento.
Lala nos alerta que a “galinha dos ovos de ouro” do novo milênio é a diversidade cultural. E o Brasil como um país rico nesse sentido tem de aprender a fazer uso dessa ferramenta tão farta que possui, e não matar sua “galinha” como tem feito. A diversidade cultural está inteiramente ligada à autoconfiança, e esta por sua vez, ligada à auto-estima. Item ainda em escassez no nosso país.
Uma das grandes dificuldades que temos em atingir estes ideais de desenvolvimento e auto-estima é o simples fato de que as coisas essenciais a essa nova era são intangíveis. Não temos ainda medidores qualitativos para saber quando um trabalho social tira um jovem da rua, muda sua vida e o torna um cidadão de bem. Nossos medidores ainda são quantitativos.
Ainda está sendo criada uma moeda de troca (escambo) para o intangível.
Temos um belo exemplo no Festival Calango* (Cuiabá), onde eles já se utilizam da economia criativa e aceitam o Cubo**, uma moeda válida em 25 dos 27 estados brasileiros.
No entanto, a economista é otimista ao ressaltar que quando pensavam o futuro mundial há muitos anos atrás, os estudiosos viam um lugar cinzento, egoísta e belicoso, mas surpreendentemente temos notado que o futuro pode ser mais verde, mais integrado, plural, miscigenado e mais, muito mais pacífico.
Isso é o futuro.
Michel Serres tem razão, viva a nossa miscigenação.
Fonte: Sala de notícias. Canal Futura. 04 de março de 2011 às 20:30 hs.
Repórter: Cristina Amaral.
Entrevistada: Lala Deheinzelin (economista criativa - Movimento Crie Futuros)