quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Oreretama


Quarta-feira, plena quarta, tempo chuvoso e lá vou eu, às nove horas da manhã, ao Centro do Rio fazer um passeio pelo Centro Histórico da cidade com a turma de Turismo da UFRRJ.
Seria até bom, caso não fosse um passeio “forçado”, para complementar as 12 horas da Disciplina também “forçada” AA013 – Seminário da Educação e Sociedade -  e até pelo fato de que fiz passeio similar há poucos meses atrás.
Então lá vamos nós.
O ônibus chega e  me agrada o dinamismo dos alunos de Turismo em fazer uma dinâmica para apresentar-mo-nos. Dentre os estudantes há presença do curso de História, Pedagogia, Matemática, Letras e Turismo, claro. Contagem feita. Apresentações findas e partimos rumo ao nosso destino.
Primeira parada, Museu Histórico Nacional, surpresa. Primeiro porque era um lugar que eu ainda não havia visitado e segundo... Ah, porque lá estava nosso oreretama, sim o nosso lar em tupi, e assim o dia começou a tomar outra forma. Lembrando-me da flânerie, passei a olhar os lugares pelas lentes de Benjamin e não precisei recorrer à “experiência dante e petrarca do haxixe” para remeter-me a um tempo anterior.
Tudo mudou, o olhar mudou ao andar pela Praça XV admirando o Chafariz de Mestre Valentim, parar em frente ao Paço Imperial e saber que ali, em 1888, foi o início da minha libertação. Sensações, emoções, tudo ali tão visto, tão comum, mas nada pode ser comum ou normal depois que você encontra Benjamin e Baudelaire entrelaçados num mesmo livro.
Flanando, sinto-me em meio à obra Machadiana, recordo Mariana e Sofia caminhando pela Rua do Ouvidor. Vejo Lima Barreto e Domingos Ribeiro Filho conversando sobre suas ousadias em denunciar, através de palavras, tudo que lhes incomodava nessa cidade há tantos anos atrás e que nos caberia ainda hoje.

Enfim, foi um passeio maravilhoso, e como seria bom se todos quisessem e pudessem, olhar nosso oreretama por outra perspectiva. Seja pela lente de Benjamin, Baudelaire, Machado, Lima, Domingos ou mesmo pela própria lente, mas que ao perceber cada detalhe que sinta o quanto de história pode ter esse lugar, quantos pés por ali caminharam, quantas pessoas por ali passaram para que alguns de nós estivéssemos aqui, lembrando-se da nossa rica história, de cada fato importante que  ali ocorreu. E quem sabe assim, essa cidade seria um pouco mais Maravilhosa?!

Foto: Paço ImperiaL - RJ

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