A história da humanidade é marcada pela suposta supremacia de uma “raça” em detrimento de outra. A dicotomia “inferioridade versus superioridade”, sempre foi um pressuposto para que o colonizador de ontem e o de hoje nadificasse o ser humano e tornasse este, produto de manipulação daquele. Nos dias atuais, o homem ainda coisifica o seu semelhante e tem a cada dia exterminado sua própria espécie.
Durante a evolução do homem, o outro sempre foi o ponto de partida para grandes catástrofes que tingem de vermelho a história do homem sobre a Terra. As grandes guerras mundiais e o nazismo de Hitler, a escravidão dos africanos, o extermínio dos indígenas, o apartheid sul-africano das décadas de 70 e 80 e o apartheid mundial da atualidade. Todos esses eventos foram, e são, frutos de uma mentalidade do colonizador onde o outro sempre foi visto como nada.
A triste constatação se dá pelo fato de que o colonizador, não é mais o branco ou o capitalista imperialista. Mudando nossa perspectiva do modo macro e trazendo-a para o micro social, perceberemos, com nitidez, que o fenômeno de banalização da vida humana está presente ao nosso redor durante todo o tempo. E suas conseqüências têm tido efeitos graves em nossa sociedade hodierna.
Diariamente os exemplos dessas consequências nos chegam através dos noticiários. Pais que assassinam seus filhos, filhos assassinando pais, políticos assaltando cofres públicos e assassinando milhares de pessoas nas filas dos hospitais e o futuro educacional de milhares de crianças. Jovens de classe média que se sentem no direito de agredir uma mulher por conta de uma suposta impressão de que esta poderia ser uma prostituta e ainda agridem, como se estivessem participando de uma simples brincadeira, alguém que não tem a mesma opção sexual que eles, são alguns dos exemplos tristes e próximos.
Ora, vimos que nada mudou desde os séculos passados até agora. Poderíamos deixar que o “homem das cavernas”, os indígenas, os nativos das tribos africanas, ensinassem para nós, homens “desenvolvidos”, como (con)viver em sociedade de forma “civilizada”, respeitando o próximo.
Enfim, a partir do momento em que o homem olhar o seu próximo não mais como o outro, mas como uma extensão de tudo o que ele é, e se permitir misturar e intercambiar experiências, não haverá superiores ou inferiores, seremos iguais, e começaremos então a repartir o pão, sentaremo-nos em rodas para que um griot conte-nos uma história, faremos pinturas corporais como símbolo do amor, e utilizaremos, também, a escrita para (re)escrevermos a nova história da humanidade.
Texto produzido para o curso de compreensão textual - CEEP/UFRRJ/IM
Tema: A nadificação do outro